Tal como se afirma na descrição do blog ele pretende ser uma ferramenta nas mãos, nos olhos, na boca , nos ouvidos e nos olhos dos participantes na oficina Cinco [Mil] Sentidos. Ele será o que nós todos quisermos que ele seja.
Eu por mim senti uma necessidade enorme, logo que saí da primeira sessão na Reitoria, de escrever uma pequena história. Saiu-mee quase de rajada quando cheguei a casa e me sentei à frente do teclado. Este é o local para a partilhar. Fico à espera das vossas
A (-A + O) nêspera (- ê + a – s – a + o + n)
R. estava à mesa sentado, muito calado, à espera de ver o que acontecia. Como não acontecia nada, nem havia chá para beber, R. escreveu um poema num belo naperon redondo. Dobrou-o em forma de avião e lançou-o da janela. O avião flutuou, sobrevoou a cabeça de um leão e caiu na calçada. Uma velha*, assustada pelo naperon, que lhe flutuou à frente dos olhos, antes de lhe cair à frente dos pés, gritou “Olha um Naperon!”, mas não o comeu. A velha bem procurou o bolo, mas o bolo não estava, e a velha pensou “É de certeza um naperon dos espanhóis, porque os naperons dos portugueses têm sempre um bolo por cima” e, irritada, engoliu o poema, limpou a boquinha ao naperon e deitou-o ao chão, sujo de batôn.
É o que acontece aos poemas de naperon que estão no chão, deitados, à espera do que acontece.
*Nota do editor: Esta velha não é a mesma velha da nêspera. É outra.
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