sexta-feira, 16 de outubro de 2009

[aforismos de aforro]

Na economia da linguagem (injustamente confundível com a linguagem da economia?), o aforismo é uma poupança bem vinda. Exemplos surgidos na sessão de ontem, que podemos meter na ranhura do mealheiro e continuar, até o encher (para pagar em géneros a quem os quiser ler):

Ver é desejar.
Observar é desenvolver-te na minha alma.
Blue Eyes é demais.
Para olhar dentro de ti é preciso coragem para desvendar mistério.
O teu olhar é deslumbrante, queima sem tocar.
Olhar sem ver é um defeito muito comum de quem não acredita.
Olho por olho, dente por dente, é o lema de muita gente.
É com muito agrado que hoje te vejo, leve como o vento.
O coração é um desenho que não se contém.
Tudo o que vemos são formas de olhar.
O esboço é um olhar que não quer acabar.
O contorno é que policia a visão.
Cair na cegueira é ceder ao abismo que é a visão.
A sensação plena é atingível, mas não conheço ninguém que a tenha atingido.
Nunca conheci o preto, mas há quem diga que não há nada como breu.
Tentei levar o passeio avante, mas quando reparei, ainda não tinha nascido e já o filho era maior do que o pai.
Nunca vou acreditar no que digo, tão pouco no que vejo.
O sapo encontrou a borboleta e disse: quem te viu e quem te vê!
O miradouro vigia a paisagem, regista-a, grava o assobio do vento e exclama: oh!
O visionário é quem olha com os outros , mas vê antes deles.
O melhor bisturi é o olho clínico.
Não me vigies a mim, vigia antes o outro.
Desenhar não é ver, é apalpar o mundo.
O amor é cego, não desenha.
Para reconhecer o objecto basta olhar, para ver é preciso esquecê-lo.
Paro, escuto, olho, mas não vejo o que está lá.
Na terra do amor, quem é cego, ama.
É preciso olhar para encantar.
Em terra de cegos, precisas pelo menos de um olho, para seres rei.
Quando a memória sente que precisa do desenho.
É preciso olhar para ver.
Muito desenhar para pouco restar.
Quanto mais olhas menos vês.
Olha e diz-me o que não vês.

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